sábado, 14 de maio de 2011

Professores: Humanos ou Androides? - Parte 4




Professores: Humanos ou Androides

Professores: Humanos ou Androides - Parte 2

Professores: Humanos ou Androides - Parte 3



Cena 4 – Jesus ceia com os discípulos. O androide entra onde estão e atira em Judas. Jesus o ressuscita, a máquina torna a matá-lo argumentando que havia sido programado para protegê-lo. Jesus diz que o androide estava começando a deixa-lo estressado e tira a arma do exterminador.

Professores máquinas repetem continuamente o mesmo método, as mesmas ações, independente se alcançam sucesso ou não com elas. O professor humano sabe que pode errar no caminho, mas aprende a lição e se esforça para não repetir. Jesus disse para a mulher adúltera: “vai e não peques mais”. O fazer pedagógico não pode ser uma disputa de força, de quem pode mais, um bang bang onde a melhor defesa é o ataque. A má formação e o temperamento não podem se constituir no argumento de que estou “programado” para agir dessa ou de tal maneira, que ferir o outro é inevitável. Para que isso não aconteça é necessário com que venhamos buscar conhecer os efeitos que nossas atitudes exercem sobre nossos alunos.

Jesus mesmo sabendo que Judas o trairia não o expulsou de sua presença, antes até o beijou na face quando este junto aos soldados que o prenderiam veio cumprimenta-lo, demonstrando com isso o equilíbrio e discernimento de quem tem o controle da situação. No entanto, quantas vezes rapidamente perdemos a paciência, consideramos a indisciplina do aluno como uma ofensa pessoal e matamos o fio de interesse que reside nele. A frieza demonstrada não deve ser a da indiferença, mas do domínio das emoções, pois senão, o estresse da profissão nos engolirá. Assim, precisamos retirar de nossa práxis, as “armas” do orgulho, do autoritarismo, do ressentimento, enfim, de tudo que nos leve a pautar a relação professor-aluno no emprego da força e não do diálogo e do afeto. 

Com certeza falar isto é mais fácil do que fazer, ainda mais quando a estrutura da educação pública brasileira parece assumir características de um verdadeiro franco-atirador nos ferindo também. Por isso acredito que o recomendável é que mudemos o foco do nosso olhar. Jesus não concentrou sua atenção na traição de Judas, mas no que ela resultaria - sua morte e ressurreição para salvamento da humanidade. Jesus não olhou para o comportamento de Judas. Antes, agiu segundo os padrões que estabelecera para si, ou seja, não era responsável pelos atos dele, mas pelos seus, assim não permitiu trair a si mesmo. Portanto, o professor humano não pauta sua conduta pelo comportamento do outro, age e reage pelo seu próprio código de valores que não admite a exclusão e vê o todo. 

Às vezes fazemos certos procedimentos que fazem nossos alunos nos questionarem a razão daquilo, eles não entendem e não adianta explicar, simplesmente porque a visão deles é parcial e imediata, enxergam apenas o óbvio, mas nós sabemos o porquê de revisarmos um conteúdo que já ministramos, de acelerarmos outro, de organizarmos a turma de uma forma e não de outra e etc.

Em síntese, o professor humano tem consciência do poder de influência que todos os seus atos e palavras exercem sobre seus alunos. Isto requer humildade, disposição e visão do todo. A máquina diz já estar programado, o humano se programa.

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