sábado, 7 de maio de 2011

“Pedro tu me amas?” - Jesus o Mestre da Afetividade


Muito tempo antes dos estudos de Wallon, o Emanuel já sabia que a afetividade era poderosa em seus efeitos e podia desatar a aprendizagem. Foi assim com a mulher samaritana, a mulher adúltera e com Pedro que o havia negado três vezes antes de ser crucificado e agora estava ali sendo confrontado por ele a beira do rio comendo peixe assado na brasa. Jesus pergunta: “Pedro tu  me amas?”. O discípulo prontamente respondeu: “Sim Mestre”. Jesus fez novamente a pergunta e ouviu a mesma resposta. Foi quando Cristo olhando profundamente em seus olhos tornou a perguntar: “Pedro, tu me amas”. Pedro se entristeceu, porém algum segundo depois ergue os olhos e diz: “Mestre, tu sabes que eu te amo”. Ao que o Mestre emendou: “Então apascenta as minhas ovelhas”.
Jesus tinha tamanho amor pelas multidões que o seguiam e paravam para ouvi-lo que mesmo cansado as atendia, ministrava cura, libertação e encontrava tempo para liberar uma palavra de salvação. Os líderes de seu tempo apenas julgavam as pessoas com hipocrisia, Ele, contudo, não deixava de chamar a atenção delas para os erros que haviam cometido, mas o fazia de uma forma que não as intimidava. Elas não sentiam como se alguém estivesse a censurá-las. Ele as fazia pensar, chegarem a conclusão do que precisavam por si próprias.
Como professores muitas vezes nos esquecemos como nossas palavras, nossos atos e até mesmo nosso olhar podem abater ou levantar nossos alunos. Perdemos a serenidade que foi uma das marcas do Mestre e julgamos e condenamos, isolamos ou enchemos a cabeça deles de fórmulas e regras gramaticais, quando na verdade o que precisariam de fato é de um  pouco mais de atenção, de nossa presença, de sentirem que os compreendemos que estamos preocupados com sua aprendizagem que os erros são mais do que erros.
Os fatos que nos marcam e ficam em nossa memória são justamente aqueles que carregam altas doses de emoção, são aquelas que vivenciamos com as pessoas, seja experiências boas ou ruins. Segundo Vygotsky é na interação social que nos desenvolvemos. Jesus foi acusado de comer com pessoas errantes, mas Ele não o fazia por estar compactuando com eles, mas sim, por que Ele sabia que somente se relacionando com eles, sendo amigo deles que abandonariam seus maus caminhos. Insistimos em repreender nossos alunos, chamá-los a atenção, rotulá-los, excluí-los e desvalorizá-los, nos esquecendo de que isso apenas os afasta mais, cria barreiras quase intransponíveis e trava a aprendizagem. Tive uma aluna no 2° ano que era muito inteligente, mas por mais que dissesse que era capaz, repetia pra si mesma que não conseguia aprender. Quantos alunos estão assim em nossas escolas? Alunos com um potencial incrível, mas... o que falta? Afetividade. Jesus não queria ensinar as pessoas simplesmente, Ele gostava de se se relacionar com elas, pois sabia que esse era o meio mais eficaz de quebrar resistências e fazê-las aprender. Minha aluna aprendeu e Pedro, o discípulo de Cristo também, mas não porque Jesus o acusou de tê-lo negado três vezes, mas porque ele mesmo chegou a conclusão que o Mestre havia lhe dado tudo, inclusive a vida, e ele não queria ficar longe d´Ele, pois como o próprio Pedro disse em outra oportunidade: “ Para onde iríamos se só tu tens as palavras de vida eterna?”. Pedro era afoito e nas duas primeiras vezes que Jesus lhe pergunta se o ama ele responde irrefletidamente, somente na terceira vez é que ele para, pensa em tudo que fez em tudo que viveu com Cristo e diz para si mesmo: “Este homem é o filho de Deus, eu tenho o privilégio de conhecê-lo, ser seu discípulo, ele me ama, deu a vida por mim e até hoje eu não sabia disso, estava com ele por estar, mas agora eu sei que o amo e seria capaz de dar a minha vida por ele também”. Então Pedro olhando nos olhos do Mestre diz: “Mestre, tu sabes que eu te amo”, não falo mais só da boca pra fora, olha pra mim e tu que sondas e esquadrinhas meu coração, vê, agora estou pronto. Precisamos nos olhar no espelho e dizermos não “eu te amo”, mas “sim mestre, tu sabes que eu te amo”. E ouvir Ele dizer “então cuida das minhas ovelhas”. Porém, só cuida das ovelhas quem ama e quem ama é afetuoso, se dedica e se entrega, se sacrifica e se doa. Ser educador, portanto, é pra todos, mas nem todos podem ser. Descubra hoje que seus alunos precisam mais de sua presença e afeto do que todo o conhecimento que você possua, mas saiba também que com essas coisas eles irão adquirir todo o saber necessário pra suas vidas, do contrário estarás a dar murro em ponta de faca e a reclamar dos “Pedros” que são “uma negação” em suas turmas.


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