quarta-feira, 11 de maio de 2011

Professores: Humanos ou Andróides? - Parte 2




Cena 2 – Máquina apresenta visão que exibe informações detalhadas do ambiente. Ao final diz a famosa frase: “Hasta la vista...”.

Ver tem múltiplos sentidos, pode ser reconhecer e distinguir uma imagem; observar com atenção, buscando detalhes; e também denota a percepção que vai além da aparência, do relativamente óbvio e se aprofunda na busca da essência.

Em Mateus 9:36, Jesus vê as multidões e se compadece, pois estavam aflitas e exaustas como ovelhas sem pastor. Nisto se manifesta a humanidade de Cristo. Ele como bem retratou na parábola do bom samaritano, não era indiferente aos que sofriam, mas esquadrinhava o seu íntimo, percebia seus anseios, suas dúvidas, seus desejos e intenções. 

Professores humanos possuem visão apurada. Professores máquinas só enxergam o óbvio. Professores humanos veem o aluno em sua essência. Professores máquina encerram o olhar sobre a superfície. Professores humanos veem o aluno pelo que é. Professores máquinas pelo que fazem (de errado). Professores humanos veem a si mesmos (auto avaliação). Professores máquinas apenas os outros. Professores humanos possuem visão de futuro. Professores máquinas somente enxergam o imediato. Professores humanos percebem o aluno como gente, com necessidades, sentimentos e sonhos. Professores máquinas o encaram como apenas um alvo da sua rotina profissional. 

Nossa visão tem de ser ao mesmo tempo geral e específica, portanto, ampla e integral. Devemos buscar os detalhes, os subentendidos, o não revelado e explícito, do contrário, estaremos a reproduzir os estigmas que nossos alunos carregam em sala de aula, nossa visão estará maculada pela realidade aparente. Então diremos:  “este é o bom”, aquele outro “o pestinha, o burro, o desajeitado, o lerdinho, o hiperativo...”. A visão macro da situação nos permite como a Jesus, manter a serenidade para guia-los à pastos verdejantes e águas tranquilas. Em João 2:19-21 Jesus falando sobre sua morte e ressurreição diz que mesmo que derrubassem o templo em três dias o reconstruiria. A iminência da morte e todos os sofrimentos por qual passaria não puderam fazê-lo retroceder, isto porque não via a dor imediata, mas a glória do porvir. Esta compreensão do todo foi o que levou a chamar homens que a sociedade veria como seres insignificantes e até desprezíveis  para serem seus discípulos, pois via não o que  eram, mas o que seriam depois de estarem com Ele. 

Diz o ditado que “o pior cego é o que não quer ver”. Acredito que raramente não percebemos as demandas do contexto de nossas turmas. Dificilmente não conseguimos enxergar os problemas que exigem de nós uma atitude. Porém, a sabedoria popular reconhece que deixamos de ver porque encarar a realidade nos parece um doloroso inconveniente. Por isso precisamos marcar um encontro, conosco e com nossos alunos, onde possamos nos observar com atenção, captando os detalhes que faltam para vermos a eles e a nós mesmos não como quem contempla o cortejo de um funeral, mas o desfile de um carnaval ou de uma paisagem paradisíaca. “Hasta la vista”, portanto, não é fugir das imagens grotescas do processo de ensino e aprendizagem, mas encara-las, dominando-as como Cristo fez transformando a tempestade em bonança.
Dito isto, me flagro pensando: “Como tenho visto meu aluno?”...

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