quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ensine por fé e não pelo que vê


Em Lucas 17 a Bíblia nos fala de dez leprosos que foram a Jesus para que os curasse. A ordem do mestre era para que fossem até o sacerdote do templo e se apresentassem a ele. Era costume que aquele que enfermo de lepra achando estar curado o fizesse para que pudesse ser examinado e receber o aval para retornar ao convívio social. Mas o texto sagrado diz que eles creram e obedecendo a palavra foram mesmo que visivelmente ainda estivessem enfermos. Mas... enquanto iam, sucedeu o milagre, ao chegarem na presença do sacerdote estavam curados. Às vezes já me flagrei pensando se meu trabalho não é em vão. Já ouvi colegas dizerem que o que ensinam entra como se diz por um ouvido e sai pelo outro. Não raro observamos a turma repetir os mesmos erros que ainda pouco corrigi. Isso nos desestimula, olhamos para eles e pensamos se isso terá jeito. Você sabe que a lepra é uma doença que “come” o corpo. Se andarmos pelo que vemos e perdermos a confiança em nós e neles seremos consumidos pelo pessimismo e ressentimento que paralisa a nossa prática pedagógica. Tudo que ensinamos são sementes que mais cedo ou mais tarde irão florescer. Sem dúvida é ótimo vermos o resultado do nosso esforço e dedicação, mas assim como há árvores que só dão o seu fruto muito tempo depois, alguns de nossos alunos também só vão desabrochar o resultado do nosso trabalho quando já passaram por nós. Plantamos para que outro colha. Ensinar por fé é crer como os leprosos da história que mesmo sem ver a mudança que espera se mantém firme, insiste, persevera fazendo o seu melhor, crendo que um dia a “ficha vai cair”, porque como diz o ditado “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.  

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ritmo de aprendizagem




Marcos 4:33 "E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender".

No verso acima vemos Jesus apresentando a compreensão de que cada um de nós tem o seu próprio ritmo de aprendizagem. Assim, o mestre não exigia mais do que os seus discípulos podiam aprender, nem os mantinha no mesmo nível se achasse que poderiam absorver num grau maior daquele que até então estavam. Ele respeitava a maturidade dos que o ouviam. Como educadores precisamos desenvolver a percepção que nos orienta a avançar ou rever conteúdos. Certa vez uma professora da academia nos disse que a questão não é fazer várias atividades diferentes, mas uma com diversos graus de dificuldade, embora devemos salientar que nossa realidade nos obriga a lecionar em geral em salas superlotadas e com alunos sem os conhecimentos prévios necessários para se desenvolverem bem. O fato é que há alunos que parece que capturam até o pensamento do professor, outros, no entanto... De qualquer forma, todos são inteligentes e podem aprender ainda que uns demorem mais do que outros. O importante é ser coerente, de nada adianta introduzir uma série de assuntos que não terão como assimilar. Diagnosticar a situação e nivelar a turma é o recomendável, mas isso não pode ser feito para simplesmente identificar os “bons” e os “maus” e criar castas na sala, antes serve para elevar todos mais ou menos ao mesmo nível. Para isso, alguns alunos irão requerer um acompanhamento individualizado ou pode-se fazê-los trabalhar em duplas ou pequenos grupos onde possam se ajudar mutuamente. Portanto, é necessário um bom planejamento, organização, observação e registro para elaborar as melhores estratégias de ensino que conduzam a uma aprendizagem concreta.

terça-feira, 12 de julho de 2011

As sementes do ensino – Parte Final



As sementes do ensino
As sementes do ensino - Parte 2
As sementes do ensino - Parte 3


Em Marcos 4:20 Jesus diz que  as sementes que caíram em boa terra representam aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, sessenta e a cem por um. Aqui vemos as características do bom solo: ouvir, reter e frutificar. Como melhorar a produtividade de nossas aulas se ouvimos apenas a nós mesmos, ou seja, se não estudamos, pesquisamos, trocamos informações com colegas, nos atualizamos em determinados assuntos do nosso fazer pedagógico? Por outro lado,“ouvimos” (conhecemos), mas tão logo passe o impacto da novidade, voltamos a velha prática, a sequência do habitual. Uma boa abordagem opera a retenção do conteúdo. Quando ensinamos e já no dia seguinte o aluno diz que “não sabe responder a uma pergunta sobre o assunto ou diz que esqueceu”, então não houve uma boa abordagem, embora não concorde totalmente quando afirmam que se não há aprendizagem não houve ensino. Para nós, nem sempre o professor pode ser responsabilizado pelo insucesso do educando como alguns parece quererem nos fazer acreditar, há outros fatores implícitos.  De qualquer modo, somos chamados a frutificar praticando rapidamente o que aprendemos. Isso também diz respeito a buscarmos com diligência métodos e maneiras interessantes de inovar a prática para atingir os resultados esperados. Frutificar nesse sentido,  é não protelar decisões, mas intervir sem demora sobre o que não está bom ou para que fique melhor.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

As sementes do ensino – Parte 3


As sementes do ensino
As sementes do ensino - Parte 2


O terceiro tipo de abordagem no ensino que podemos apreender da parábola do semeador é a que utiliza de autoritarismo para impor-se. Jesus disse que o semeador saiu a semear e outras partes das sementes caíram sobre os espinhos que cresceram e as sufocaram e não produziram fruto. Alguns professores acreditam que gritando, exigindo silêncio absoluto enquanto falam ou proibindo de o questionarem isso irá garantir a aprendizagem da turma. Acho que a aparente calma e atenção que se consegue com essa abordagem esconde uma cisão na afetividade da relação professor-aluno que gera resistência e revolta passiva, pois enquanto o corpo fica rijo a mente viaja. Assim, não raro ouvimos alunos dizerem que  detestam determinada disciplina, porém, não pela disciplina em si, mas por causa da abordagem exacerbadamente impessoal, técnica, perfeccionista e intolerante ao erro. Uma abordagem que não dialoga, antes sufoca tirando todo o aspecto lúdico do aprender. É um ensino frio e às vezes traumatizante, que fere sentimentos e provoca dor e sofrimento. É abordagem que alimenta a rebeldia e a passividade, trazendo desânimo e desinteresse. Não se estuda pelo prazer de aprender, mas pelo medo de não passar. Também é aquela em que se mata o espírito crítico; tolhe as várias formas de expressão; que é legalista e está presa a letra, a forma habitual de fazer pedagogia que desconsidera outros fatores tão ou mais importantes às vezes, que tão somente o desenvolvimento da cognição. Jesus podia se quisesse, aproveitar-se do remorso de Pedro que o traiu três vezes e destruído a sua alma com acusações e ofensas, mas o que fez o mestre? Depois de três anos andando ao lado de Jesus e ouvindo seus ensinamentos, Pedro ainda não tinha conseguido entender completamente o que era na prática o evangelho. Jesus então o chama e em uma conversa resolve o problema, o faz entender por si mesmo o que era viver pela fé, seguir os passos do mestre. Jesus falou diversas vezes, ensinou através de exemplos, parábolas, milagres, mas chegou o momento em que teve de mudar a abordagem e confrontou o discípulo cara a cara comendo peixe a beira da praia, sendo firme e ao mesmo tempo amoroso e compreensivo(JOÃO 21:15-17). Estamos “pegando pesado demais?”, “leve demais?”, sendo previsíveis demais?, teóricos demais?, brincalhão em excesso?... Que abordagem temos utilizado?...

domingo, 10 de julho de 2011

As sementes do ensino – Parte 2




As sementes do ensino



Disse Jesus em Marcos 4:5 que outra parte da semente do semeador caiu  num solo rochoso onde a terra era pouca e por isso cresceu logo. Contudo, veio o sol e a queimou. Isso nos fala de um ensino aligeirado onde os conteúdos são tratados com superficialidade. Daí nós ainda ficamos sem entender o porquê da dureza de alguns alunos em prestar atenção aos mesmos ou até prestam, mas o “entendi professor” é negado no exercício em seguida. Nos versículos seguintes podemos cogitar a hipótese de que os discípulos diante da multidão meneavam a cabeça a tudo que o mestre falava, mas assim que ele despediu as pessoas, correram para questioná-lo sobre o significado da história e Jesus que havia introduzido o assunto, o expõem de modo mais profundo, detalhando “tim-tim-por-tim-tim” para não ficar dúvidas no ar. A abordagem da qual falamos hoje é aquela em que o professor até se prepara, mas não o suficiente para conduzir as atividades, carece de um maior dinamismo e “ganchos” que articulem o conhecimento e desperte o interesse para aprender. É o ensino que começa bem, mas termina mal, que desperta a atenção para logo depois se perceber que é excessivamente metódica porque o sol de uma abordagem repetitiva e extenuante vai cansando o aluno pouco a pouco e queimando o seu desejo de querer mais.