segunda-feira, 27 de junho de 2011

A inocência perdida



Certa vez Jesus disse: “Quem não for como criança não poderá entrar no reino dos céus” (MATEUS 18:3). Atrevo-me a dizer que hoje aparentemente isso de certo modo soaria estranho, pois parece que não existe mais criança inocente nesse mundo. Mentem, são dissimuladas, chantageiam, batem, ofendem, falam e fazem tudo como gente grande, e os professores exasperam-se porque não sabem lidar com essa “nova criança” que voltou a ser um adulto em miniatura, porém num sentido mais cruel que do que aquele que Rousseau denunciou.

Crianças copiam modelos. O professor que consegue por sua conduta estabelecer limites e se tornar um exemplo a ser seguido pode se não devolver a inocência perdida, ao menos mostrar-lhe outra perspectiva que talvez desconheça e deixar que possa discernir qual é o melhor comportamento a adotar.  Se a atitude das crianças atualmente não as permitiria entrar no céu, então levemos o céu até elas e vejamos se querem continuar como estão.
A bíblia diz: “ensina a criança no caminho em que deve andar e mesmo quando ficar velho não se desviará dele” (PROVÉRBIOS 22:6). Se estiverem fora da rota, então trazê-los de volta ao bom caminho é fazê-las como o filho pródigo, deixar que pensem por si próprias sobre as consequências de seus atos, é mostrar que a bondade é melhor do que a maldade, que a verdade é melhor que o engano, que a justiça é melhor que a corrupção.
Um rio não bate de frente, contorna e segue adiante. Ameaças, discussões vazias ou mesmo castigos não poderão trazer solução, o ideal é que se chame para um diálogo franco, olho no olho, pois como diria o ditado “é conversando que a gente se entende”. Mas eu já falei alguém dirá: falo, falo, falo, mas... Talvez aí resida o problema.  Falamos, mas não os escutamos, queremos convencer com argumentos lógicos, quando tudo que fazem é pura emoção. Nossas lutas são vencidas com as armas certas, do contrário, nosso esforço será inútil.
Jesus disse: “ama ao teu próximo como a ti mesmo” ( MATEUS 22:39 ). Com isso queria dizer que devemos nos colocar no lugar do outro. Professores para verem suas salas de aula entrarem no céu precisam ser como crianças, ou seja, pensar como elas, até agir como agiriam em algumas circunstâncias, enquanto nos relacionarmos com elas, falando como adultos, um inferno astral nos consumirá. O desentendimento óbvio que ocorrerá não permitirá nos comunicarmos com elas e o caos se instaurará. A despeito de toda a malícia do comportamento infantil atual, a verdade é que nossas crianças ainda querem ser apenas inocentes crianças. 

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