sábado, 25 de junho de 2011

“Diarreia Verbal”



Um colega professor me perguntou outro dia qual a razão para os alunos falarem tanto. Segundo ele possuem uma vontade incontrolável de estar todo momento conversando, chama isso de “diarreia verbal”. De imediato cogitei a hipótese de serem silenciados em casa, então na escola iriam à forra. Depois pensei que talvez falar tanto seja uma forma de aliviar tensões para cumprir a velha máxima do “é bom desabafar”. Poderia ser uma forma de construir identidade? Estabelecer relações sociais tão importantes para o desenvolvimento? Poderia ser também porque o professor não sabe impor limites e falar se torna um ato de rebeldia, afronta, protesto por um ensino maçante ou simplesmente pelo fato de haver permissividade para conversas fora de hora? Jesus não sufocava a liberdade de expressão de seus discípulos, foi assim que Pedro se sentiu confortável e seguro para chamar o mestre à parte e reprová-lo. Porém, este não o permitiu, pois falava por inspiração maligna (Mateus 16: 22,23).  O que o texto bíblico me ensina é que um professor deve ser sensível para perceber quando a verborragia da turma é inofensiva e benéfica e quando esta se coloca como um sinal claro de que o controle foi perdido e se tornou instrumento de confusão e desordem requerendo uma redefinição do fazer pedagógico.  Outra questão é que segundo Jesus a boca fala do que o coração está cheio (Mateus 12:34). Assim, antes de pedir ou ordenar silêncio seria interessante identificar o que falam, pois pode ser o começo para que a partir dos comentários deles se introduza um assunto. Contextualizar os conteúdos, portanto, pode ser o caminho para que se minimize o barulho desconfortante da fala desordenada dos alunos. Inovar é outra solução. Se estiverem “cheios” da rotina de aula, isso os levará a conversar demasiadamente como uma espécie de fuga. Assim, criar novas formas de expor a matéria pode mostrar a eles que na escola também tem assuntos legais sobre os quais conversar.  

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